Capitulo um
Descobrindo a verdade
Antes:
Pegando meu caderno de vinte matérias, corri até o primeiro andar da escola e abri meu armário, para pegar minha apostila de português.
Sinto uma mão no meu ombro e pulo assustada. Olho para trás e vejo o Eric.
Lá estava o garoto mais bonito da escola, e que todas as garotas cairiam para cima dele. Menos eu:
-Oi Eric. – falei sorrindo – O que você quer?
-Você copiou a lição de historia? – ele perguntou e eu suspirei.
Viu? Ele nunca iria querer nada comigo! Sem falar que ele não é tão bonito assim... Só por que tem um lindo cabelo loiro, dois lindos olhos azuis claros, 1 metro e oitenta e sete de músculos perfeitos... Não é tão bonito assim!...
Quem eu to querendo enganar?! É claro que ele é lindo!
-Sim. Copiei. – falei e peguei um caderno azul, pequeno e fino e entreguei a ele – Está ai.
-Obrigado. – ele se inclinou e deu um beijo na minha bochecha.
-Você está me devendo duas agora! – falei empurrando ele no peito – E acho que sei como você pode me devolver o favor.
-Como? – ele perguntou e sorriu travesso.
-Pode tentar falar com seu pai para me arrumar um emprego em uma das lojas dele. – falei.
-E se eu fizesse isso e fosse com você ao baile? – ele disse e eu neguei.
-Acho melhor não... Suas admiradoras vão ficar bravas comigo quando descobrir que você só vai comigo por causa de favores.
-Mas...
Coloquei um dedo no seu lábio e sorri.
-Não me perturbe. Só quero um emprego. Aliais, quem você está querendo enganar? Você não quer ir comigo. – tirei meu dedo e fechei a porta do meu armário – Preciso ir para aula. Até mais tarde.
Coloquei um pé no degrau da escada, quando senti um tremor passar pelo meu corpo.
Olhei para o Eric e vi-o fazendo uma careta de nojo. Olho ao seu redor, mas não vejo nada. Nem os seus amigos estão lá.
Voltei para ele e coloquei uma mão em seu ombro:
-Está tudo bem? – perguntei e ele me olhou surpreso.
-Não. Quero dizer... Sim... Não sei. Está todo mundo tão estranho comigo hoje. Não meus amigos... Eu me sinto diferente... Com nojo de algo...
-Não acredito! – falei com raiva – Ella! Saia daqui!
-Como que é? – ele perguntou.
-Nada. – bufei incrédula e pisquei meus olhos, acostumando eles a ver o calor que irradiava dos seres vivos e não suas carnes mesmo e como suspeitava, Ella estava ao lado dele, acariciando seu rosto, mas percebi que me olhava – Saia.
-Mas... – o Eric fala, mas eu o puxo – O que foi?
-Nada que eu não possa resolver. – falei – Se sente melhor?
-Na verdade, sim. – ele sorriu – Obrigado.
-Sempre a disposição. Vá para sua aula agora.
-Claro. – ele ainda sorrindo subiu a escada que levava até o ginásio.
Virei e vi que a Ella estava bem na minha frente, e também percebi que a energia que irradiava dela era agressiva.
-Você não pode fazer isso! – falei brava e ela voltou à visão de todos, não só de mim.
Fiz minha visão voltar ao normal, podendo ver as feições dela melhor, de vez ser apenas cores desfocadas de energia. Seus olhos azuis quase me mataram viva.
-Nunca mais se intrometa com o meu homem! – ela disse de modo possessivo.
O sinal para a aula tocou, mas eu não me movi, nem ela.
-Olhe aqui querida. Ele não é seu homem, ele nem te conhece! – falei pasma – Ele nem sabe da sua existência! Você é só mais uma na multidão de meninas que persegue ele... Só que a diferença é que você pode ficar invisível e fazer coisas com ele.
-Não é verdade! – ela falou e puxou seu cabelo loiro cacheado em um firme coque – Eu já sou dele! Eu e ele já...
-Você não fez isso Ella! Fala-me que você não fez, pelo amor de Deus!
-Quando ele voltou de uma festa... Estava muito bêbado para se lembrar... Mas sim, eu fiz sexo com ele!
-Você está ficando doente! Quando você fez com ele?
-Faz cinco meses. – ela falou – Relaxa Pan. Eu usei proteção...
-Relaxar?! Você abusou dele! – eu praticamente gritei, mas não me importei mais, considerando que o corredor já estava vazio.
-Não foi bem assim. Ele gostou! – ela falou e sorriu – Ele é meu.
-Então fique visível para ele. Vá falar com ele! Você é minha amiga, mas nunca me disse isso?! Não acredito! Não posso. Você é doente!
-Pandora! É mentira, falo sério, eu não teria coragem. Eu fico perto dele às vezes, dou uns beijos, mas nada de mais. – ela disse e percebi que era verdade.
-Ella, você é muito linda, pode ter qualquer um que quiser... Fale com ele. Não faça mais isso! Por favor. Faça isso por mim. Faça isso por ele. Isso é nojento.
-Não é na verdade.
-Ella! – falei e ela assentiu.
-Muito bem, eu vou ir falar com ele, mas você vem junto. Vocês são amigos.
-Não somos não. Eu nem conheço ele. – menti.
Eu já fiquei varias tardes conversando com ele, quando tinha que ficar na escola até mais tarde, ou quando ele precisava de alguma coisa para copiar de alguma matéria que perdeu... E até já fui na casa dele fazer trabalho... É o que da ser uma nerd.
-Eu já vi vocês dois conversando e agora eu vi a intimidade que teve com ele. Ele até te convidou para ir para o baile! – ela disse e eu neguei.
-Ele não queria ir mesmo comigo. – falei.
-Só faltou o garoto implorar! – ela disse surpresa.
-Não é verdade! Ele não gosta de mim, ele gosta...
-Senhoritas? – nós duas olhamos para o fim do corredor, onde dava a porta de saída do colégio – Tem permissão para ficar fora da sala de aula?
-Oi Breno! – falei e caminhei até ele – Desculpe, perdi a noção. Vem Ella.
-Só por que é você em. – ele disse para mim e eu sorri torto – Agora estamos quites.
-Claro. – falei.
Andamos até a aula de português do professor e quando ele nos viu na porta, apenas assentiu, nos permitindo entrar.
Sentei em uma das ultimas carteiras e esperei a Ella se juntar a mim.
-Que novidade! Você não vai querer se sentar aqui na frente Pan?
-Não... – falei – Mas obrigada.
-Não seja por isso.
Estranhei, mas não comentei. Quando ele voltou a dar a aula normalmente, eu peguei e virei meu corpo na direção da Ella.
-Pan, como você consegue se safar tão bem das coisas?! – ela disse parecendo brava – Tudo vem tão fácil para você.
-Não é não. É que eu tenho muitas pessoas que me devem favores. Eu nunca cobro, mas quando acontece algo... Elas me ajudam.
-Não acredito. – ela disse e virou carrancuda para frente, olhando o professor.
Assim que o sinal bateu, informando o final das aulas, eu saí apressada para o meu armário e comecei a guardar meu material tudo lá.
-Ei. – ouço a voz do Eric e suspiro – Aqui está o seu caderno, obrigado.
Viro e assinto a cabeça, e logo guardo o caderno no armário.
-Então, eu falei com meu pai no intervalo das aulas, e ele falou que vai ver se consegue algo. – ele disse.
-Oh... Obrigada. – falei e comecei a andar para fora do colégio – Tchau!
Peguei minha bicicleta e comecei a pedalar ladeira abaixo, indo em direção a casa da minha tia Clotilde.
Assim que cheguei, joguei minha bicicleta para o outro lado do jardim e entrei dentro da pequena casa e caminhei até a cozinha, onde peguei um hot-dog que já estava pronto e quentinho e comecei a comer, enquanto via o noticiário.
-E então o furacão acertou o litoral do Brasil hoje, com grande potencia, causando algumas mortes, e vários feridos. – a moça do noticiário fala – Ainda não se sabe da onde veio essa ventania, mas ainda tem muitas pessoas desaparecidas. Vamos entrar agora com imagens vindo de lá. Ao vivo.
A imagem da moça é substituída por imagens de pessoas mortas, outras pedindo socorro, mas todas sofrendo.
Desliguei a TV, sem poder ver isso.
Era hora de ir no submundo e descobrir o que está acontecendo.
Eu estava saindo de casa, quando me dei conta de que ainda vestia o uniforme da escola. Resmunguei, mas sabia que se não trocasse, colocaria as pessoas da escola em perigo. Nunca se sabe quando se encontra algum maníaco pelas ruas de lá...
Subi para o meu quarto e que eu dividia com minha prima, para pegar um vestido preto de alcinha que ia até o meu joelho e uma calça de algodão preta, com uma sapatilha preta fosca. Fui até o banheiro e amarrei meu cabelo preto no alto da cabeça e logo peguei uma mascara que eu gostava de usar quando ia para o submundo, para me disfarçar.
Mudei minha visão para ver além do que os de humanos podiam, vendo cada partícula no ar, vendo pessoas que se ficassem invisíveis eu poderia ver agora e muito mais.
Eu não fiz isso antes, com a Ella, pois quando meus olhos ficam assim, eles ficam com um risco preto no meio e a íris vermelho sangue. Para ver o calor, a energia das pessoas, meus olhos não mudam muito. O azul já escuro dele, só fica um pouco mais escuro, mas muda tão pouco que passa despercebido aos olhos humanos.
Suspirei e sai da casa e peguei minha bicicleta, caminhando para a rua, e assim que subi nela, fiquei levantada e pedalei rapidamente até uma loja na pior parte do bairro bexiga, onde encontrei uma loja que é escura, com algumas coisas que não se da para identificar direito penduradas na parede e com três balcões de vidro que separava a parte do vendedor e do comprador. A vendedora é uma senhora, já a ponto de morrer... Pelo menos, é isso que pensariam os humanos.
-Oi Penélope. – sorri – Como anda?
-A loja está muito devagar... Mas consigo me virar... Afinal, tenho meus contatos e com você vindo aqui para comprar de vez em quando...
-Sim. – a cortei – Gostaria de um leque.
-Normal? – ela me questionou com uma sobrancelha levantada.
-Não. Quero dois e uma faca de punho e outra para minha coxa.
-Muito bem. – ela disse e sumiu atrás do balcão de vidro, indo para uma parte que ficava separada por uma porta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário